A escassez de ovos nos Estados Unidos levou as empresas norte-americanas a buscarem alternativas no exterior, a Turquia pode se beneficiar com o movimento.
A Turquia planeja exportar 420 milhões de ovos para os Estados Unidos este ano, o maior volume da história, segundo a União Central dos Produtores de Ovos da Turquia.
O aumento das exportações ocorre no momento em que a gripe aviária matou mais de 140 milhões de aves poedeiras nos Estados Unidos desde 2022, sendo 17 milhões apenas em novembro e dezembro. Menos aves significam menos ovos – e preços mais elevados.
“A gripe aviária é a principal razão para o aumento da capacidade de exportação”, afirmou Ibrahim Afyon, presidente da União Central dos Produtores de Ovos da Turquia.
Uma caixa com uma dúzia de ovos grandes de grau A atingiu uma média de US$ 4,95 em janeiro, de acordo com o Bureau of Labor Statistics.
Empresas norte-americanas estão repassando o aumento de preço. A Costco e a Trader Joe’s limitaram a compra de ovos por cliente, e a Waffle House está cobrando uma sobretaxa de 50 centavos por ovo.
Serão necessários meses para substituir as aves perdidas, e o Departamento de Agricultura dos EUA prevê um aumento adicional de 20% no preço dos ovos este ano.
O preço dos ovos aumentou 15,2% em janeiro e subiu 53% em relação ao ano anterior, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor estadunidense de janeiro.
As empresas norte-americanas decidiram procurar fontes de abastecimento além das fronteiras. A Turquia é o único país de onde os Estados Unidos importam ovos, de acordo com a American Farm Bureau Federation.
Ainda assim, os especialistas alertam para o fato de que o aumento das importações de ovos não deve fazer grande diferença na escassez de ovos nos Estados Unidos.
“Embora isso seja suficiente para compensar algumas perdas de produção, não trará muito suporte se a HPAI (gripe aviária) continuar no ritmo atual”, disse Bernt Nelson, economista da American Farm Bureau Federation.
Os EUA produzem, em média, mais de 7,5 bilhões de ovos por ano, de acordo com o American Egg Board. Esse número deve cair em 2025, uma vez que a gripe aviária continua a matar animais.
“Apoiamos a importação temporária de ovos para ajudar a aliviar a pressão sobre o fornecimento de ovos nos EUA, à medida que passamos por este período difícil de contínuas detecções de gripe aviária altamente patogênica”, afirmou Chad Gregory, presidente e diretor executivo da United Egg Producers.
Uma saída, pelo menos por enquanto, é importar mais ovos. Em 2024, os Estados Unidos importaram 71 milhões de ovos da Turquia, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA na sigla em inglês).
As importações deste ano serão quase seis vezes maiores, segundo estimativas da Egg Producers Central Union. Até julho, a Turquia entregará 240 milhões de ovos aos Estados Unidos, e o restante chegará até o final deste ano.
A Turquia é o quinto maior exportador de ovos do mundo, atrás da Holanda, Estados Unidos, Polônia e Alemanha. Em 2023, a Turquia exportou ovos no valor de US$ 411 milhões para o mundo todo, de acordo com o Observatório da Complexidade Econômica.
O volume de exportação da Turquia para os Estados Unidos neste ano totalizará US$ 37 milhões, segundo a União Central dos Produtores de Ovos da Turquia.
Outra saída: vacinação
Doug Corwin, que teve de abater 99 mil patos em sua fazenda em Long Island depois que o vírus foi detectado. O produtor afirma que é hora de começar a vacinar as aves contra o vírus.
Na semana passada, o USDA emitiu uma licença condicional para uma vacina contra a gripe aviária destinada a galinhas.
A Zoetis, fabricante da vacina, afirmou que a “licença foi concedida com base na demonstração de segurança, pureza e expectativa razoável de eficácia com base em dados sorológicos”.
Mas as vacinas criam um problema: embora muitos produtores de ovos sejam favoráveis à vacinação das galinhas, os produtores de aves temem que as vacinas causem problemas comerciais.
Se um país começar a vacinar suas aves, o vírus pode ser visto como endêmico, e pode ser difícil detectar o vírus em aves imunizadas.
Os países poderiam ficar menos interessados em comprar aves dos Estados Unidos, que são o maior produtor mundial de aves domésticas e o segundo maior exportador de carne de aves de corte, de acordo com o USDA.
Enquanto isso, a Casa Branca diz que está trabalhando em um plano para combater a gripe aviária. No domingo (23), Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, afirmou no programa “Face the Nation” da CBS que o plano envolve biossegurança, medicação e um perímetro.
“Estamos trabalhando em um perímetro inteligente e finalizando as estratégias para isso com os melhores cientistas do governo. Esse é o tipo de medida que deveria ter sido adotada há um ano e, se tivesse sido, os preços dos ovos estariam, sem dúvida, muito melhores do que estão agora”, afirmou Hassett no programa “Face the Nation”, da CBS.
Especialistas da comunidade agrícola afirmam que são necessários mais investimentos e equipes dedicadas à pesquisa e à vigilância do vírus. Isso ocorre enquanto a administração Trump segue na direção oposta. Milhares de demissões foram registradas em agências como o CDC e o USDA.
“Se houve um momento em que era absolutamente crítico evitar mais caos no sistema, esse momento é agora”, disse Rebecca Carriere Christofferson, professora associada de estudos de patobiologia na Escola de Medicina Veterinária da LSU.
No início desta semana, o USDA teve de revogar as cartas de demissão enviadas aos trabalhadores envolvidos no combate à gripe aviária.
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