A Adidas prevê um lucro operacional menor do que o esperado para 2025, antecipando que o crescimento das vendas diminuirá ligeiramente em relação ao forte ano de 2024 e sinalizou maior volatilidade devido em parte às tarifas dos Estados Unidos.
A companhia disse que deve atingir entre 1,7 bilhão e 1,8 bilhão de euros de lucro operacional em 2025, abaixo dos 2,1 bilhões de euros esperados pelos analistas.
O presidente-executivo do grupo alemão, Bjorn Gulden, chamou o guidance de conservador e disse que a ambição da empresa era maior. A Adidas, que vem ganhando participação de mercado enquanto a principal rival Nike sofre, tem repetidamente entregue resultados mais fortes do que o previsto.
Gulden observou riscos à demanda do consumidor.
Tarifas adicionais dos EUA sobre importações aumentariam a inflação e fariam os consumidores reduzirem os gastos, disse ele, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, elevou as tarifas sobre a China e implementou tarifas de 25% sobre o Canadá e o México.
Trump também ameaçou impor tarifas ao Vietnã, que é o principal fabricante de produtos Adidas no mundo.
“Ao entrarmos em 2025, com toda essa volatilidade, não sabemos o que vai acontecer com as tarifas nos EUA, não temos ideia do que essa inflação pode causar…é claro que é bom estar do lado seguro”, disse Gulden.
A Adidas espera que as receitas anuais aumentem a uma taxa de “um dígito alto” em termos sem efeito cambial, abaixo do crescimento de 12% registrado no ano passado, mas vê um crescimento de mais de 10% ao ajustar a ausência da Yeezy, após a venda de seus últimos tênis da colaboração descontinuados no quarto trimestre.
A Adidas tem uma “clara ambição” de ser a principal marca de artigos esportivos em todos os mercados, exceto nos Estados Unidos – onde a Nike é especialmente dominante – disse Gulden em um relatório anual também publicado nesta quarta-feira.
A Adidas está buscando novas fontes de crescimento além de seus tênis retrô Samba e Gazelle, a fim de conquistar mais participação de mercado da Nike ao mesmo tempo em que se defende de novas marcas de artigos esportivos, como a On Running e Hoka .
“O boom inicial do adidas Samba e do Gazelle deu o ritmo e, embora esses estilos icônicos mantenham presença no mercado de massa, eles parecem estar chegando à saturação”, disse Lucila Saldana, estrategista de calçados e acessórios da empresa de previsão de tendências WGSN.
Gulden destacou novos produtos, como tênis de sola fina e “low profile”, inspirados em esportes automobilísticos, e tênis de corrida comercializados para uso diário, como tendências para impulsionar os negócios.
No principal trimestre de compras de fim de ano, as vendas da Adidas cresceram 15% na América do Norte, 25% na Europa, 31% na América Latina e 16% na Grande China.
A Adidas espera que as vendas na América do Norte e na Grande China, entre outros locais, cresçam mais de 10% este ano, enquanto vê um alto crescimento de vendas de um dígito na Europa.
Calçados como Samba e Gazelle, assim como chuteiras de futebol e tênis de corrida, têm impulsionado as vendas, mas a Adidas também impulsionará mais suas linhas de roupas este ano, disse Gulden.
As vendas de calçados cresceram 26% no quarto trimestre, enquanto as vendas de vestuário aumentaram 11%.
A Adidas planeja cortar até 500 empregos em sua sede em Herzogenaurach, Alemanha, como parte de um esforço para simplificar a organização e dar às equipes em diferentes mercados mais poder para projetar e comercializar produtos locais, disse Gulden em uma coletiva de imprensa, confirmando reportagens de janeiro.
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