A política fiscal expansionista do governo brasileiro continua impactando as taxas de juros, de acordo com Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez.
Em entrevista ao CNN Money, Lucci analisou o cenário econômico atual e as perspectivas para o mercado financeiro.
Segundo o executivo, os dados econômicos recentes, incluindo a produção industrial, refletem o efeito de uma taxa de juros real próxima a 10%.
“O mercado hoje tem uma taxa terminal de Selic de perto de 15% e começando a cair em algum momento no final deste ano, ou no começo do ano que vem”, relembrou Lucci.
Desaceleração econômica e política monetária
Lucci destacou que a desaceleração da economia brasileira é natural diante de uma taxa de juros tão elevada. No entanto, ele ressaltou que a grande questão é como o governo federal tratará o aspecto fiscal daqui para frente.
“Se a gestão atual pública vai continuar ou vai ter uma postura de fiscal mais expandido, como a gente vem observando ao longo dos últimos anos”, pontuou o CEO, mencionando as votações do orçamento e a discussão sobre a isenção do Imposto de Renda (IR) como fatores que podem impactar negativamente o fiscal durante o ano.
Cenário internacional e impactos no Brasil
Sobre o cenário internacional, Lucci comentou o movimento de fuga ao risco observado nos últimos dias, com quedas nos índices das bolsas americanas. Ele alertou que esse movimento pode afetar os indicadores no Brasil, principalmente câmbio e juros.
Quanto às políticas tarifárias dos Estados Unidos, Lucci acredita que o impacto direto no PIB brasileiro seria marginal, focando principalmente em setores como o aço e o etanol.
“Não acho que isso afeta o Brasil no ponto de vista de PIB ou de atividade”, afirmou.
Perspectivas para 2025
Olhando para o futuro, Lucci prevê que o fiscal no Brasil continuará expansionista, especialmente considerando que 2025 é um ano pré-eleitoral.
A equipe econômica da BGC Liquidez projeta uma inflação para 2025 quase 1% acima do consenso do mercado, em torno de 6,9%.
“Se o fiscal continuar expansionista, o mercado pode vir a reprecificar de novo, pode realizar do que ele está fazendo hoje e voltar a subir a curva, voltar a inflar a curva”, concluiu Lucci, indicando que os desafios econômicos do Brasil permanecem significativos nos próximos anos.
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