A taxa de poupança no Brasil recuou pelo terceiro ano consecutivo em 2024, atingindo 14,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Este indicador, que engloba a capacidade de poupança do governo, empresas e famílias em relação ao PIB, apresentou uma queda significativa desde seu pico de 17,1% em 2021.
Armando Castelar, pesquisador do FGV Ibre, explica que a taxa de poupança reflete a escolha entre consumo imediato e investimento futuro.
“A taxa de poupança é um pouco como a poupança, o que você deixa de consumir hoje para poder investir, para poder acumular ativos e amanhã ter uma renda maior, no caso de uma economia como um todo, para ter um PIB maior”, afirma.
Castelar destaca que o governo aumentou seus gastos, principalmente em consumo, resultando em um déficit primário.
As famílias também elevaram seu consumo além do crescimento da renda, com o consumo das famílias crescendo mais de 5% em 2024, superando o crescimento do PIB de 3,4%.
Impacto no crescimento econômico
A baixa taxa de poupança pode comprometer o crescimento sustentável da economia brasileira. Castelar alerta que este cenário pode levar ao chamado “voo de galinha”, onde períodos de crescimento são seguidos por estagnação devido à falta de investimentos sustentáveis.
Para reverter essa tendência, o especialista sugere que o setor público deve poupar mais.
“O governo é o grande ‘despoupador’ do país, ele precisa poupar mais, ele tem mais instrumentos para poder poupar mais”, argumenta Castelar, enfatizando a necessidade de conter gastos públicos e aumentar a poupança governamental.
O atual arcabouço fiscal, embora limite a ‘despoupança’, é considerado insuficiente para promover um aumento significativo na taxa de poupança.
Castelar conclui que é necessário um debate social sobre as prioridades de investimento e consumo para que o Brasil possa alcançar um crescimento econômico mais sustentável no longo prazo.
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