Autoridades e empresários debateram nesta quarta-feira (19) as perspectivas do Brasil para a COP30, com enfoque nas pontes entre o agronegócio e a sustentabilidade.
Os impactos do clima, o uso de tecnologias disruptivas como a inteligência artificial (IA), a comunicação do agro e a aproximação entre os setores público e privado foram alguns dos pontos abordados no “Planeta Campo Talks – Especial COP30”, realizado pelo Canal Rural.
“Eu vejo que é a primeira vez que o Brasil está se organizando para participar de uma COP. Das outras vezes, a gente, como iniciativa privada, como associações, foi cada um buscando seu espaço, organizando lá, chegando lá e buscando como se organizar. É extraordinário ver que o Brasil está se organizando”, disse Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS.
O executivo reforçou a importância de a iniciativa privada se integrar em torno da agenda que é promovida pelo governo: “não adianta construir uma agenda diferente que não vamos potencializar”.
Desse modo, apontou para a necessidade de se evoluir em relação à sustentabilidade passando por duas frentes: segurança alimentar e acessibilidade a recursos, sejam eles tecnológicos ou financeiros.
“Não adianta dizer que o produtor pequeno tem que adotar sistemas se ele não tem como fazer. Nós temos que fazer com que as vidas das pessoas se transformem. E nós temos que dar acesso às pessoas a essa tecnologia. Temos que sair das ideias para as ações”, defendeu Tomazoni.
Mas para avançar na agenda, a embaixadora e negociadora-chefe para a COP30, Liliam Chagas, ressaltou a importância de haver continuidade das discussões.
“As informações que a área científica das Nações Unidas dizem é que o tempo para tentar mitigar o aumento da temperatura é limitado, estima-se que seja nos próximos dez anos. […] Nos encontramos em um momeno desafiador do mundo, e ao mesmo tempo o fenômeno do clima está batendo em nossa porta e não vendo quem é cego”, disse.
“Na última COP foi possível só acordar US$ 300 bilhões por ano, que é insuficiente, não vai dar não fecha a conta”, enfatizou.
O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar de Agropecuária (FPA), observou que é um “momento tenso, pesado” no meio político. Para Lupion, um dos caminhos importantes para o agro poder continuar seus trabalhos é “resolver as questões em Brasília”.
Entre os pontos que pede reforço estão o barateamento do crédito, solucionar questões logísticas e “vencer narrativas”.
“Quem já teve a oportunidade de rodar o mundo […], [vê que] o respeito e admiração ao nosso agro são enormes. Fazemos a lição de casa: responsabilidade socioambiental, produzimos com uma legislação ambiental contundente e restritiva”, pontuou o parlamentar.
“Não adianta só propagandear os produtos, mas sim a maneira como são feitos. O que significa essa produção desse país não pode ser medido com a mesma régua dos outros [países] que já não preservaram e não conseguiram fazer o que querem impor a cada um de nós.”
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