Analistas projetam quedas nos juros futuros com sinalização de Selic menor

Analistas projetam quedas nos juros futuros com sinalização de Selic menor

As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) com prazos mais curtos tendem a passar por leves ajustes de baixa na quinta-feira (20), após o Comitê de Política Monetária (Copom) deixar claro que aplicará um aumento menor do que 100 pontos-base sobre a Selic em maio.

A avaliação foi feita por profissionais ouvidos pela Reuters logo após o Copom, na noite desta quarta-feira (19), elevar em 100 pontos-base a Selic, para 14,25% ao ano, mas deixar claro que pretende promover um ajuste “de menor magnitude” na reunião de maio.

“Em sua comunicação, o BC optou por dar um guidance de magnitude menor que os 100 pontos-base de aumento. Isso significa que ele vai aumentar a Selic em 75, 50 ou 25 pontos-base em maio”, avaliou Ian Lima, gestor de Renda Fixa Ativa da Inter Asset.

Para o gestor, o comunicado do Copom trouxe elementos hawk (rígidos), como a avaliação de que os riscos de alta da inflação seguem maiores que os de baixa e algumas projeções inflacionárias acima do que parte do mercado espera. Ao mesmo tempo, conforme Lima, o comunicado trouxe elementos dove (mais brandos), como menções aos sinais de moderação incipiente do crescimento e à defasagem da política monetária.

“Quando você soma os argumentos, o ‘net’ (efeito líquido) é neutro. Então, quando olho para os três possíveis cenários para a Selic em maio, vejo aumento de 50 pontos-base”, disse Lima, acrescentando que o mercado já estava, antes mesmo do resultado do Copom, bem-posicionado neste sentido.

Isso significa, na prática, que na ponta curta da curva a termo as taxas tendem a ficar estáveis nesta quinta-feira ou a passar por leves ajustes de baixa, tendo os 50 pontos-base de alta em maio como horizonte.

No caso do encontro seguinte, de junho, o Copom não se comprometeu.

“A precificação da curva já estava bem compatível com o cenário do Copom. O mercado já tinha 50 (pontos-base) para a próxima reunião, além de aumentos residuais da Selic entre 30 e 50 no período entre junho e setembro. Na prática, já há prêmios na curva para abarcar o que foi sinalizado”, comentou o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano.

Para ele, alguns ajustes de baixa nas taxas poderão ser vistos na quinta-feira na “barriga da curva” — entre os contratos até janeiro de 2027 –, mas o movimento tende a ser contido, justamente porque o mercado já vinha se posicionando no sentido de uma elevação de apenas 50 pontos-base da Selic em maio.

Por outro lado, a head de renda fixa do research da XP, Camilla Dolle, pontuou que a indicação do BC para maio não necessariamente significa uma desaceleração forte do ciclo de altas da Selic.

“Então a gente continua com nossa projeção aqui, de um novo aumento na próxima reunião, mas desta vez de 75 pontos-base. E permanecemos com os 15,50% de Selic terminal”, afirmou.

Com isso, segundo ela, pode haver uma abertura das taxas nos vencimentos de prazos mais curtos, “relacionado ao horizonte de política monetária, e isso deve aliviar a parte longa da curva”, opinou.

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