Uma guerra comercial com os Estados Unidos poderá matar a recuperação incipiente da zona do euro, com o bloco sofrendo as consequências das tarifas, da incerteza e da perda de confiança, alertaram dois formuladores de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) nesta segunda-feira (28).
A economia da zona do euro deve ter crescido modestos 0,2% no primeiro trimestre, e os formuladores de política monetária há tempos têm previsto uma recuperação, que agora é vista como em suspensão, com riscos de resultados mais negativos.
“Os riscos se intensificaram em meio à incerteza excepcional, em grande parte relacionada ao comércio”, disse o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, a legisladores europeus em uma audiência.
Ele disse que os exportadores agora estão enfrentando novas barreiras, a incerteza pode pesar sobre os investimentos empresariais enquanto os consumidores também podem ficar mais cautelosos.
O chefe do banco central finlandês, Olli Rehn, disse em um seminário financeiro que muitos dos riscos negativos listados pelo BCE no passado se materializaram.
“A guerra comercial e a enorme incerteza que ela traz estão agora travando o crescimento”, disse Rehn.
“Alguns dos riscos de queda previstos nas projeções de março do BCE já se materializaram e, como resultado, a perspectiva de crescimento enfraqueceu ainda mais”.
Embora nenhum dos dois tenha defendido o afrouxamento da política monetária em resposta, Rehn disse que as taxas poderiam cair se a inflação ficasse abaixo da meta do BCE.
Isso pode acontecer, no entanto, e tanto Rehn quanto de Guindos disseram que uma guerra comercial pode pesar sobre os preços e desacelerar a inflação, que já está se aproximando da meta de 2% do BCE.
As barreiras comerciais desaceleram o crescimento e já reduziram os preços da energia e elevaram o valor do euro, criando um entrave aos preços. Além disso, a China poderá despejar na zona do euro alguns de seus produtos que não eram exportados pelos Estados Unidos, reduzindo ainda mais a inflação.
“Acho razoável supor que há riscos de queda na perspectiva de inflação nas projeções de março do BCE”, disse Rehn.
De Guindos adotou uma visão mais comedida sobre a inflação, dizendo que ela agora deve ficar em torno da meta de 2% do banco.
Essa, no entanto, também é uma mudança sutil em relação à visão anterior do banco, que era de que a desinflação estava a caminho e que a inflação atingiria a meta do BCE ainda este ano.
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