Ações da Boeing caem após rumor de que China suspendeu compra de aeronaves

Ações da Boeing caem após rumor de que China suspendeu compra de aeronaves

As ações da Boeing caíam nesta terça-feira (15), após a publicação de uma reportagem da Bloomberg News com a informação de que a China suspendeu a entrega dos jatos da empresa para as companhias aéreas no país. A medida é parte da guerra comercial crescente que envolveu as duas maiores economias do mundo.

Por volta das 14h (horário de Brasília), a ação da Boeng (BA) tinha baixa de 1,08% e contribuía para a leve queda do Dow Jones.

Nem as autoridades chinesas, a Boeing ou a Casa Branca responderam imediatamente aos pedidos de comentários da CNN sobre a reportagem, embora o presidente Donald Trump tenha dito em uma publicação nas redes sociais na terça-feira que a China “simplesmente renegou o grande acordo com a Boeing, dizendo que ‘não tomará posse’ do seu compromisso total com as aeronaves”.

A medida seria um golpe não apenas para a Boeing, a maior exportadora dos Estados Unidos, mas também para toda a economia americana, a maior do mundo.

Assim como Trump impôs tarifas a parceiros comerciais – incluindo pelo menos 145% sobre muitos produtos chineses – outras nações também retaliaram, em alguns casos desencadeando um revide que agora ameaça prejudicar empresas, a indústria e empregos no mundo todo.

A animosidade de Trump em relação à China tem sido particularmente aguda, com uma guerra comercial crescente ameaçando diversos setores da economia, desde fazendeiros americanos até remessas de iPhones — mesmo com a crescente confusão sobre isenções e atrasos na implementação das tarifas.

A Boeing é particularmente vulnerável às atuais disputas comerciais entre os Estados Unidos e seus parceiros comerciais. Ao contrário de muitas empresas multinacionais, a companhia aérea constrói todos os seus aviões em fábricas americanas antes de enviar quase dois terços das aeronaves comerciais para clientes fora dos Estados Unidos.

Além disso, a companhia representa uma parte importante da economia americana, contribuindo com cerca de US$ 79 bilhões e gerando 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos. A empresa tem quase 150 mil funcionários nos EUA.

A Boeing enfrenta dificuldades há seis anos, acumulando US$ 51 bilhões em prejuízos operacionais desde 2018, o último ano em que reportou lucro anual.

Em meio a isso, a China é o maior mercado mundial para a compra de aeronaves, com uma análise recente da própria Boeing estimando que as companhias aéreas chinesas devem comprar 8.830 novos aviões nos próximos 20 anos.

A queda nas vendas da Boeing para a China se dá há anos, mesmo antes da introdução das tarifas. Agora, os chineses anunciaram tarifas de 125% sobre todas as importações dos Estados Unidos.

Os jatos da Boeing custam dezenas de milhões de dólares cada, portanto, tarifas que mais que dobram o preço os tornariam inacessíveis para qualquer cliente chinês, mesmo sem novos limites de entrega.

A Boeing está praticamente excluída do mercado chinês desde 2019. Parte disso se deve às tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos, que começaram durante o primeiro governo Trump.

A aérea americana recebeu encomendas de 122 aviões de clientes chineses em 2017 e 2018. Nos seis anos desde então, a Boeing recebeu encomendas de apenas 28 aviões, principalmente cargueiros ou de empresas de leasing do país asiático, que poderiam estar comprando-os em nome de companhias aéreas de fora da China. A empresa não registrou um único pedido de jato de passageiros de uma companhia aérea chinesa.

Mas a queda nas vendas não se deveu apenas às tensões comerciais. Parte disso é explicado por conta de problemas na própria empresa, incluindo a paralisação de seu best-seller 737 Max, após dois acidentes fatais no final de 2018 e início de 2019.

As entregas para a China quase pararam após o segundo acidente, pois autoridades de aviação em todo o mundo suspenderam voos de jatos após os desastres. A China não permitiu imediatamente que eles retornassem ao serviço, mesmo quando os países autorizaram o transporte de passageiros no final de 2020. As entregas só começaram a se recuperar no ano passado.

As vendas de aeronaves são cruciais para a Boeing, pois é quando a companhia recebe o pagamento. A empresa constrói o avião primeiro e recebe a maior parte do pagamento após a entrega do produto final.

A interrupção dessas entregas é um golpe particularmente duro para a Boeing, que tinha um total de 55 aviões em estoque no final de 2024, total que não conseguiu entregar aos clientes, principalmente na China e na Índia, segundo a empresa.



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