O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não pode dar um “cavalo de pau” e mudar o guidance da taxa básica de juros contratado durante a gestão do ex-presidente da autoridade monetária Roberto Campos Neto.
A declaração foi realizada durante o programa Bom Dia, Ministro da EBC.
Na última reunião do Copom de 2024, o colegiado sinalizou que faria dois aumentos de 1 ponto percentual nas reuniões de janeiro e de março de 2025.
“O aumento estava contratado desde a última reunião do Copom do ano passado. Na última reunião de dezembro, ainda sob a presidência do antigo presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto], que foi nomeado pelo Bolsonaro”, disse.
Na quarta-feira (12), o Banco Central cumpriu a sinalização e elevou a Selic para 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016.
“Você não pode, na presidência do Banco Central, dar cavalo de pau depois que se assumiu. Isso é uma coisa muito delicada. O novo presidente e os novos diretores têm uma herança a administrar”, afirmou Haddad.
Durante a entrevista, Haddad também ressaltou não acreditar ser necessário que o Brasil entre em recessão para baixar a inflação do Brasil. Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, mostrou que os preços subiram 1,31% no mês.
“Não acredito que precise de uma recessão para baixar a inflação no Brasil. Eu acho que consegue administrar a economia de maneira a crescer de forma sustentável sem que a inflação saia do controle”, disse Haddad.
Em comunicado, o Copom sinalizou que pode haver uma nova alta de juros na próxima reunião, em maio, mas que essa elevação deve ser menor.
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