Brasil aponta que tarifa dos EUA sobre aço viola regras da OMC

Brasil aponta que tarifa dos EUA sobre aço viola regras da OMC

Documento apresentado pelo governo brasileiro ao Representante de Comércio dos Estados Unidos aponta que a tarifa sobre o aço aplicada pelo governo norte-americano viola regras legais da Organização Mundial do Comércio (OMC) e pode alimentar uma espiral negativa de medidas recíprocas com potencial de prejudicar severamente a relação entre os dois países.

O documento, que é público, foi apresentado em uma consulta aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) em fevereiro para que empresas, cidadãos e outros interessados nas questões tarifárias pudessem enviar suas questões.

O documento brasileiro foi oficialmente apresentado pelo governo aos técnicos norte-americanos na primeira rodada de negociações dos dois países.

No texto, o Brasil reconhece os esforços do governo dos EUA em promover desenvolvimento industrial e a criação interna de empregos, mas salienta que essas medidas deveriam seguir os acordos atuais existentes entre os dois países.

“O Brasil urge que os Estados Unidos deem prioridade ao diálogo e cooperação em vez da imposição unilateral de restrições comerciais, que trazem o risco de alimentar uma espiral negativa que pode prejudicar severamente nossa relação comercial mutuamente benéfica”, diz o texto.

O governo brasileiro ressalta ainda que todas as tarifas aplicadas na importação de produtos pelo Brasil seguem os parâmetros da OMC, inclusive a do etanol, citado nominalmente pelo governo dos EUA como uma tarifa alta — 18%.

“No mesmo setor de etanol e açúcar de cana, os EUA mantêm uma tarifa de US$ 340 por tonelada (o equivalente a aproximadamente 80% de taxas), o que penaliza as exportações brasileiras. O Brasil não aplica nenhuma tarifa de 80%”, aponta o documento.

O texto também levanta um dos principais argumentos usados até agora pelo governo brasileiro: a tarifa média do Brasil para importações norte-americanas é de 2,75%, com vários produtos com taxa zero.

Até o momento, o Brasil tenta negociar a imposição da taxa sobre o aço e o alumínio, que entrou em vigor em 12 de março. Mas, de acordo com uma fonte, há uma preocupação maior com o que o governo norte-americano deve anunciar na próxima semana.

O Brasil foi citado como um dos países que aplicaria altas tarifas contra os EUA, especialmente em etanol e madeira, e pode ser penalizado agora mais uma vez. Há o temor que mais produtos entrem nessa lista, ou que todas as exportações brasileiras passem a ser taxadas, o que já foi aventado pela Casa Branca.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já afirmou que, se não houver outra maneira, o governo brasileiro deve retaliar os EUA. Mas a ordem, por enquanto, é tentar resolver a questão na mesa de negociações.

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