As ações do GPA desabavam nesta terça-feira (6), perdendo quase um terço do seu valor de mercado, em meio à análise do balanço do primeiro trimestre, bem como eleição de novos integrantes para o conselho de administração do varejista de alimentos dono da rede Pão de Açúcar.
Analistas destacaram positivamente o resultado operacional da companhia, que apresentou expansão de receitas e do Ebitda ajustado consolidado, bem como melhora em margens, mas chamaram a atenção para um desempenho ainda negativo na última linha, além de fluxo de caixa negativo.
“Embora o GPA continue a melhorar a margem Ebitda ano a ano, ele continua a reportar prejuízos líquidos, além de grande queima de caixa”, afirmaram os analistas do Citi, chamando a atenção também para a alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda, que “está perto de 3 vezes novamente”.
Às 14h35, os papéis do GPA desabavam 24%, a R$2,89 cada, na quarta queda seguida, após marcar uma máxima intradia desde janeiro de 2024 no último dia 29 de abril.
Mesmo com o forte ajuste negativo recente, a ação ainda acumula em 2025 uma valorização de cerca de 13,7%.
Na mínima até o momento, a ação chegou a R$ 2,70, em queda de 29,1%, equivalente a uma perda de R$ 544 milhões em valor de mercado.
Nos primeiros três meses do ano, o GPA teve um prejuízo líquido de R$ 93 milhões nas operações continuadas, ante uma perda de R$ 407 milhões um ano antes, enquanto o Ebitda ajustado consolidado somou R$ 409 milhões, alta de 9,9% na comparação anual, com a margem nessa linha passando de 8,1% para 8,6%.
A receita bruta cresceu 4,6%, para cerca de R$5,1 bilhões, enquanto a receita líquida aumentou 3,9%, para quase R$4,8 bilhões. As vendas no conceito mesmas lojas, excluindo o impacto de calendário, mostraram aumento de 7,3%.
Em contrapartida, além do prejuízo, o fluxo de caixa livre operacional ajustado ficou negativo em R$ 817 milhões, acima do resultado negativo de R$ 753 milhões no mesmo período de 2024.
A alavancagem financeira pré-IFRS 16 — medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado consolidado pré-IFRS 16 dos últimos 12 meses (incluindo despesas com aluguéis) — ficou em 2,8 vezes, frente ao patamar de 3 vezes registrado um ano antes.
No final de 2024, porém, esse número era de 1,6 vez.
Analistas do Bank of America destacaram que um ambiente competitivo favorável e uma boa execução estão gerando sólidos ganhos operacionais.
“No entanto, dívidas pesadas e contingências podem ser difíceis de superar”, ponderaram em relatório, reiterando recomendação “underperform” para as ações.
Eles também acrescentaram que os esforços para substituir o conselho do GPA parecem ter fracassado e avaliam que novos membros podem causar alguma dissonância.
Tanure, que detém cerca de 7% das ações do GPA, propôs no final de março a destituição do atual conselho do GPA e a eleição de novos membros para o colegiado, incluindo três representantes indicados pelo próprio empresário.
Porém, com a entrada das chapas apoiadas pelo investidor Rafael Ferri e pela família Coelho Diniz, dona da rede de supermercados de mesmo nome, o cenário de apoio mudou e os votos se diluíram, tornando mais improvável a eleição de todos os seus indicados.
Uma ata da assembleia divulgada pelo GPA confirmou a remoção das candidaturas de Pedro de Moraes Borba e Rodrigo Tostes Solon de Pontes pelo fundo de investimento Saint German, controlado por Tanure, enquanto Sebastián Dario Los, também indicado pelo fundo, foi eleito.
À Reuters, Tanure disse que tinha um plano audacioso para o futuro do GPA, mas como a chapa proposta não teve continuidade, decidiu não seguir com este projeto “em que não acreditamos mais”.
“Houve uma corrida pelas ações que não combina com o longo prazo”, disse Tanure.
Também em entrevista à Reuters, Ferri, cujo grupo elegeu dois membros no conselho, disse que chegou com uma postura “construtiva”.
Ele afirmou que pretende dar mais visibilidade ao que tem sido feito na rede, e que muitos desconhecem, além de estar aberto a discutir ideias que sejam positivas para o grupo.
No final da segunda-feira, porém, o GPA divulgou que Ferri reduziu suas participações na companhia para 2,73%, incluindo derivativos.
Em 16 de abril, ele havia alcançado participação de 5,86%. Ferri informou à empresa que seu objetivo com a alteração na fatia “é estritamente de investimento”.
Em teleconferência com analistas nesta terça-feira sobre o balanço, o presidente-executivo do GPA, Marcelo Pimentel, disse que a companhia espera que o novo conselho de administração da companhia ajude a empresa a se manter no caminho da recuperação de seus resultados.
“Vamos ter oportunidade de ouvir novas visões e complementariedades para nos ajudar a acelerar o processo”, acrescentou.
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