Nova alta da Selic seria contraproducente e implica risco fiscal, diz Inter

Nova alta da Selic seria contraproducente e implica risco fiscal, diz Inter

O Inter aponta que o fim do atual ciclo de alta dos juros está “à vista”. Em relatório publicado na quarta-feira (23), o banco prevê alta na taxa Selic de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em maio.

Segundo o Inter, esta seria a última elevação do atual ciclo, com a Selic fechando em 14,75%.

O Inter ainda pondera que, considerando o atual patamar “extremamente elevado” dos juros e um potencial cenário de desaceleração da economia global, o Copom poderia manter a Selic em 14,25% ao ano já na próxima reunião.

“O custo da política monetária está claramente mais elevado neste ciclo, com o nível de desconfiança ainda alto, seguindo as várias críticas do governo ao Banco Central e sugestões de interferência”, escreveu Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, no relatório.

Em suas últimas três decisões de política monetária, o Copom havia subido a Selic em 1 ponto por encontro.

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Porém, o boletim Focus do BC aponta que a mediana do mercado espera mais uma alta nos juros de 0,25 ponto este ano. A pesquisa foi realizada na semana até o dia 17 de abril.

Nas últimas apurações do Focus, o mercado vem reduzindo suas expectativas para a inflação deste ano, o que, segundo o Inter, poderia corroborar com a manutenção dos juros em maio.

“A defasagem da política monetária deve atuar mais fortemente no 2º semestre e novas altas para além do nível atual se tornam contraproducente, com o custo da dívida em elevação, ampliando o risco fiscal“, pontuou o Inter.

O Inter manteve sua projeção para a inflação em 5,4% ao final deste ano. O Focus da última semana apontou uma redução na mediana a 5,57%.

Já para a atividade econômica, o banco vê uma desaceleração, crescendo 1,5% em 2025.

“O risco de crescimento menor em 2025 inclui o cenário de desaceleração global mais significativa, tanto da China como dos EUA, o que pode impactar as exportações brasileiras”, ponderou Vitória.

“Apesar de não ser afetado diretamente pela elevação das tarifas impostas pelos EUA, a queda nos preços internacionais das commodities pode significar um maior esfriamento das atividades extrativas no Brasil, bem como impacto negativo na arrecadação federal, que pode pressionar o déficit ainda em 2025″, concluiu.

A economista-chefe ainda elencou a desaceleração do crédito, em função dos juros altos, como um dos fatores que podem, potencialmente, desacelerar a atividade econômica.

Orçamento

Sobre o cenário fiscal, o Inter reitera uma percepção negativa sobre as contas públicas ao olhar para o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2026 apontado pelo governo federal.

“O governo enviou ao Congresso a LDO para 2026, que deixa clara a impossibilidade do cumprimento das regras do atual arcabouço já a partir de 2026“, disse Vitória.

“O ajuste fiscal concentrado no aumento de receitas falhou ao não ter travas mais firmes no controle das despesas, principalmente a vinculação dos gastos e a indexação de programas sociais ao salário mínimo, que voltou a ter reajustes acima da inflação nos últimos 3 anos”, afirmou.

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