Quatro senadores republicanos se juntaram aos democratas na quarta-feira (2) para entregar uma repreensão bipartidária rara ao presidente Donald Trump sobre a política comercial.
O Senado aprovou uma resolução por uma votação de 51 a 48 com o objetivo de bloquear as tarifas propostas pelo governo Trump sobre as importações canadenses. Os quatro republicanos que votaram com os democratas foram: senador Rand Paul, que co-patrocinou a resolução, Susan Collins, Mitch McConnell e Lisa Murkowski.
O movimento equivale a uma rara resistência bipartidária contra Trump no Senado liderado pelo partido republicano e vem depois que Trump criticou a medida e pediu aos republicanos para votar contra ela.
O impacto da votação do Senado pode permanecer em grande parte simbólico. Não se espera que os líderes do republicanos façam qualquer esforço para repreender Trump sobre a política tarifária – e até se moveram no início deste ano para proibir tal movimento. Alguns democratas acreditam, no entanto, que eles podem ter encontrado uma maneira de contornar os líderes do republicanos sobre a questão da política tarifária.
A medida do Senado liderada pelos democratas para repreender a política comercial da administração está em andamento há algum tempo e não foi uma resposta direta aos anúncios tarifários de Trump na quarta-feira (2).
A resolução anularia uma declaração de emergência nacional que o governo Trump citou em fevereiro para anunciar tarifas planejadas sobre as importações do Canadá. Os democratas descreveram a medida como uma forma de desfazer as tarifas sobre produtos canadenses.
Na quarta-feira (2), Trump anunciou tarifas de pelo menos 10% em praticamente todos os produtos que entram nos Estados Unidos, além de taxas ainda mais altas em dezenas de países que têm os maiores déficits comerciais com os Estados Unidos.
A nova política representa uma mudança dramática na política econômica e comercial global. Tem como objetivo restaurar a proeza da indústria manufatureira dos EUA e a balança comercial. Mas ela ameaça escalar uma guerra comercial global emergente e aumentar os preços para os consumidores americanos em um momento precário para a economia.
Greg Meeks de Nova York, o principal democrata da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, disse na quarta-feira que planeja apresentar uma resolução privilegiada para a Câmara forçar uma votação sobre tarifas, uma medida processual que pode ser usada para contornar a liderança e forçar votos contrários.
Senador democrata Tim Kaine, que liderou o esforço para forçar a votação do Senado sobre o bloqueio de tarifas da administração Trump sobre as importações canadenses, disse quarta-feira que tinha abordado McConnell na terça-feira à noite sobre a assinatura e disse que o republicano de Kentucky prometeu apoiá-lo antes mesmo de pedir.
“Eu disse, quero falar com você sobre minha conta de tarifas canadense. E você sabe, eu nem cheguei à pergunta, e ele disse: ‘Estou com você,’ “Kaine disse, descrevendo a conversa.
McConnell não respondeu quando perguntado por um repórter da CNN no Capitólio na quarta-feira antes da votação se ele planejava apoiar o esforço da assinatura.
Kaine disse antes da votação que acreditava ter “um apoio sólido” de quatro senadores do republicanos, o que seria suficiente para a votação do Senado ser bem-sucedida. Há também alguns republicanos, disse ele, “que estão pensando nisso, mas não declararam.”
Trump exortou os republicanos a votarem contra a medida em um post no Truth Social e apontou quatro republicanos em particular – Paul, McConnell, Murkowski e Collins – dizendo que “vai, com sorte, entrar no carro dos republicanos, para variar, e lutar contra os democratas.”
E acrescentou: “Para as pessoas dos grandes estados de Kentucky, Alaska e Maine, por favor contatem esses senadores e façam-nos FINALMENTE aderir aos valores e ideais republicanos.”
Collins falou em apoio à resolução em comentários no Senado na tarde de quarta-feira antes do anúncio de Trump.
“A economia do Maine está integrada com o Canadá, nosso parceiro comercial mais importante. Do óleo de aquecimento doméstico, gasolina, combustível de jato e outros produtos refinados de petróleo, até as fábricas de papel do Maine, empresas de produtos florestais, produtores agrícolas e lagosteiros, as tarifas sobre o Canadá seriam prejudiciais para muitas famílias do Maine e nossas economias locais”, disse ela.
Kaine alertou sobre as consequências negativas para os estados agrícolas de uma guerra comercial, mencionando especificamente o potencial impacto negativo na indústria do uísque.
“Nunca houve uma guerra comercial unilateral e eles sempre retaliam quando é a agricultura. Atinge os estados agrários muito, muito forte, o que inclui uísque”, disse Kaine. “Destiladores artesanais na Virgínia, meus cervejeiros artesanais estão muito preocupados com isso.”
Referindo-se a McConnell, Kaine disse: “E eu tenho certeza que ele está ouvindo a mesma coisa. Eu imagino que ele esteja ouvindo várias pessoas.”
Perguntado antes da votação se ele achava que o post de Trump no Truth Social iria afetar os votos, Kaine disse: “Ele me atacou também, isso não me afeta. E os que ele atacou, eu não acho que isso está afetando-os. Então, vamos ver.”
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