Os rendimentos dos títulos da zona do euro caíam na terça-feira (4), com o foco dos investidores nas novas tarifas dos EUA sobre o México e o Canadá. O mercado também segue de olho nas notícias de que o presidente norte-americano, Donald Trump, havia suspendido a ajuda militar à Ucrânia.
Em meio às incertezas geopolíticas, o rendimento do título alemão de 10 anos, referência da zona do euro, caía 2 pontos-base (pbs), por volta das 0h30 (horário de Brasília), para 2,469%. O título chegou a recuar até 6 pontos-base no início desta manhã.
As quedas são mais acentuadas nos títulos de prazos mais curtos, como o rendimento do título alemão de 2 anos, que operava em baixa de 5 pontos-base (pbs), para 2,025%.
Já os rendimentos dos títulos alemães de 30 anos, que na segunda-feira (3) subiram quase 12 pbs, seguiam um caminho inverso aos outros e tinham alta de 2 pbs, a 2,819%.
O rendimento do título de 10 anos da Itália também caía 2 pbs, para 3,528%, enquanto o rendimento de 2 anos recuava 5 pbs, para 2,321%.
Os rendimentos de prazos mais longos subiram acentuadamente na segunda-feira (3), com os investidores reagindo à perspectiva de um aumento nos gastos do governo com defesa, enquanto os líderes europeus se mobilizavam em torno da Ucrânia.
Na terça-feira, a Comissão Europeia aventou a possibilidade de novos empréstimos conjuntos da União Europeia para financiar uma expansão das capacidades de defesa — algo que será discutido na cúpula especial de quinta-feira.
“O fluxo de notícias que estamos recebendo dos EUA em relação à Ucrânia (…) é o fator mais importante para mim. Não houve nenhuma confirmação de tarifas sobre a UE, assim como ocorreu com o Canadá, o México e a China. E, é claro, temos o BCE na quinta-feira”, disse Kenneth Broux, chefe de pesquisa corporativa, câmbio e taxas do Société Générale.
Trump suspendeu a ajuda militar à Ucrânia após seu confronto com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na semana passada, e a pressão está crescendo sobre as nações europeias para que gastem mais em sua própria segurança, bem como na da Ucrânia.
“Há muita incerteza e estamos tentando acertar os planos alemães de gastos com defesa, o que, supomos, deverá resultar em rendimentos de títulos mais altos e empréstimos mais elevados”, acrescentou Broux.
“Por outro lado, temos a situação na Ucrânia, em que não parece haver nenhuma garantia de que os EUA apoiarão quaisquer esforços de manutenção da paz por parte dos aliados europeus”, acrescentou.
Os rendimentos do Tesouro dos EUA também caíam nesta terça, estendendo a queda de segunda-feira após a última pesquisa de manufatura do Institute for Supply Management (ISM), que mostrou um aumento acentuado nas expectativas de inflação em fevereiro, com os fornecedores citando tarifas várias vezes.
“Esta manhã, os Bunds estão em modo de recuperação com a oferta de USTs experimentada após o fechamento na segunda-feira, mas com o acréscimo de que estão se achatando”, disseram os estrategistas de taxas do Rabobank em uma nota, referindo-se à maior queda nos rendimentos de prazos mais curtos do que nos de prazos mais longos.
Broux disse que a última pesquisa do ISM mostra que as tarifas já estão prejudicando a economia dos EUA.
“Se a economia dos EUA passar por uma fase ruim no primeiro trimestre, a Europa não ficará ilesa, pois haverá um efeito de contágio”, disse ele.
Enquanto isso, o Banco Central Europeu (BCE) se reúne na quinta-feira e espera-se que apresente um corte de 25 pontos-base na taxa de juros, uma expectativa reforçada pelos últimos números da zona do euro divulgados na segunda-feira, que mostraram que a inflação caiu um pouco menos do que o esperado no mês passado, solidificando as apostas de mais flexibilização da política econômica no futuro.
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