Ao anunciar planos para aplicar tarifas recíprocas aos parceiros comerciais dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump promove o “desmantelamento de fato das regras do sistema multilateral de comércio”, ponderou ao WW Lucas Ferraz, coordenador do Centro de Negócios Globais da Fundação Getulio Vargas (FGV) e ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil.
Para Ferraz, a medida se trata de um movimento “tão disruptivo” que seria difícil mensurar o impacto para o Brasil, mas reconhece que a atitude é “preocupante para países em desenvolvimento”.
As tarifas anunciadas nesta quinta-feira (23) ainda não estão em vigor. O secretário de Comércio de Trump, Howard Lutnick, e sua equipe vão avaliar caso a caso considerando a relação dos EUA com cada um de seus parceiros, olhando para:
- Tarifas impostas aos produtos dos EUA;
- Impostos injustos, discriminatórios ou extraterritoriais aplicados pelos nossos parceiros comerciais às empresas, trabalhadores e consumidores norte-americanos, incluindo um imposto sobre valor agregado;
- Custos para empresas, trabalhadores e consumidores decorrentes de barreiras ou medidas não tarifárias e atos, políticas ou práticas injustas ou prejudiciais, incluindo subsídios, e requisitos regulatórios onerosos para empresas dos EUA que operam em outros países;
- Políticas e práticas que fazem com que as taxas de câmbio se desviem do seu valor de mercado, em detrimento dos americanos; supressão salarial; e outras políticas mercantilistas que tornam as empresas e os trabalhadores dos Estados Unidos menos competitivos;
- Qualquer outra prática que, na opinião do Representante de Comércio dos Estados Unidos, em consulta com o Secretário do Tesouro, o Secretário de Comércio e o Conselheiro Sênior do Presidente para Comércio e Manufatura, imponha qualquer limitação injusta ao acesso ao mercado ou qualquer impedimento estrutural à concorrência leal com a economia de mercado dos Estados Unidos.
Ademais, ao não colocá-las em vigor de imediato, a gestão do republicano busca dar tempo aos países que devem ser impactados para negociar novos termos comerciais com os EUA, disse um funcionário da Casa Branca nesta quinta.
“É um movimento de equilíbrio geral, todo mundo estaria envolvido em transações com os Estados Unidos. Isso significaria uma redução das exportações brasileiras […] e para o mundo, de maneira geral, terá efeitos similares em impacto”, avaliou Ferraz.
“Marcaria o fechamento do mercado brasileiro para o segundo maior parceiro comercial do Brasil e o maior em bens industriais”, pontuou.
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