Trump Tower na Síria: país tenta aproximação com EUA para aliviar sanções

Trump Tower na Síria: país tenta aproximação com EUA para aliviar sanções

Uma Trump Tower em Damasco, uma distensão com Israel e o acesso dos EUA ao petróleo e gás da Síria são parte da estratégia do líder sírio, Ahmed al-Sharaa, para tentar conseguir um encontro pessoal com o presidente norte-americano, Donald Trump, durante sua viagem ao Oriente Médio, de acordo com várias fontes familiarizadas com a iniciativa.

Jonathan Bass — um ativista norte-americano pró-Trump, que em 30 de abril se encontrou com Sharaa por quatro horas em Damasco, juntamente com ativistas sírios e estados árabes do Golfo — vem tentando organizar um encontro histórico, ainda que altamente improvável, entre os dois líderes esta semana. A reunião seria à margem da visita de Trump à Arábia Saudita, ao Catar e aos Emirados Árabes Unidos.

“Ele me disse que quer uma Trump Tower em Damasco. Ele quer paz com seus vizinhos. O que ele me disse é bom para a região, bom para Israel”, disse Bass.

A Síria tem lutado para implementar as condições estabelecidas por Washington para o alívio das sanções norte-americanas, que mantêm o país isolado do sistema financeiro global e tornam a recuperação econômica extremamente desafiadora, após 14 anos de guerra.

Bass espera que colocar Trump em uma sala com Sharaa, que continua sendo um terrorista designado pelos EUA devido ao seu passado na Al-Qaeda, possa ajudar a suavizar o pensamento do presidente republicano e de seu governo sobre Damasco, esfriando ainda o relacionamento cada vez mais tenso entre Síria e Israel.

Parte do esforço se baseia no histórico de Trump de romper com antigos tabus da política externa dos EUA, como quando se encontrou com o líder norte-coreano Kim Jong Un na zona desmilitarizada entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, em 2019.

“Sharaa quer um acordo comercial para o futuro de seu país”, disse Bass, observando que o acordo poderia abranger exploração de energia, cooperação contra o Irã e engajamento com Israel.

Sharaa também compartilhou o que viu como uma conexão pessoal com Trump: ambos foram baleados e sobreviveram por pouco a tentativas de assassinato, disse Bass.

Autoridades sírias e um funcionário da mídia presidencial não responderam a um pedido de comentário.

Sharaa falou com o governante de fato da Arábia Saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, neste domingo, de acordo com a presidência síria.

Uma pessoa próxima a Sharaa disse depois que um encontro entre Trump e Sharaa ainda era possível na Arábia Saudita, mas não confirmou se o líder sírio havia recebido um convite.

“Se a reunião acontecerá ou não, só saberemos no último momento”, disse a fonte.

Uma reunião entre Trump e Sharaa durante a visita do presidente dos EUA à região é vista como improvável, dada a agenda lotada de Trump, suas prioridades e a falta de consenso dentro da equipe sobre como lidar com a Síria.

Uma fonte familiarizada com os esforços em andamento disse que uma reunião de alto nível entre a Síria e os EUA estava marcada para ocorrer na região durante a semana da visita de Trump, mas que não seria entre o presidente e Sharaa.

“Definitivamente há um esforço em andamento”, disse Charles Lister, chefe da Iniciativa Síria no Instituto do Oriente Médio.

“A ideia é que chegar diretamente a Trump é o melhor caminho, porque há muitos ideólogos dentro do governo para serem ultrapassados.”

Washington ainda precisa formular e articular uma política coerente para a Síria, mas o governo tem cada vez mais visto as relações com Damasco a partir de uma perspectiva de contraterrorismo, disseram três fontes, incluindo uma autoridade norte-americana familiarizada com a formulação de políticas.

Essa abordagem foi ilustrada pela composição da delegação dos EUA em uma reunião no mês passado entre Washington e o Ministro das Relações Exteriores da Síria, Asaad al-Shibani, em Nova York, que incluiu um alto funcionário antiterrorismo do Departamento de Estado, disseram duas das fontes.

Autoridades dos EUA comunicaram a Shibani que Washington considerou as medidas tomadas por Damasco insuficientes, particularmente em relação à exigência dos EUA de remover combatentes estrangeiros de altos cargos no exército e expulsar o máximo possível deles, disseram as fontes.

Desde então, o Tesouro dos EUA transmitiu suas próprias exigências ao governo sírio, elevando o número de condições para mais de uma dúzia, disse uma das fontes.

O Departamento de Estado dos EUA se recusou a revelar quem participou da reunião do lado norte-americano e disse que não comenta discussões diplomáticas privadas.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, James Hewitt, disse que as ações das autoridades interinas da Síria determinariam o futuro apoio dos EUA ou o possível alívio das sanções.



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